sexta-feira, 11 de abril de 2008

Serra de Santa Júlia encanta os turistas em juruti

Na divisa do Pará com o Amazonas, uma serra de 176 metros de altura desponta como um dos principais pontos turísticos da região. O município amazonense de Parintins incentivou o turismo no local, apesar de pate da área estar localizada no Pará e no local residirem um grande número de pessoas de Juruti. A Serra de Santa Júlia, com a sua floresta, riqueza da fauna e o talento da gente que vive naquela área, têm atraído cruzeiros vindos da Europa e dos Estados Unidos.
De outubro a março, os imensos navios transatlânticos aportam em frente à serra e pequenas embarcações levam os turistas até o porto da Comunidade Valéria, em busca da beleza exótica, da natureza e da arte do povo amazônico.


Quando chegam os visitantes – a maioria estrangeiros - os moradores das seis vilas que formam a comunidade se concentram na Vila São Paulo, em Parintins, porta de entrada da Comunidade Valéria. Eles montam barracas de palha e vendem artesanatos como colares, brincos e pulseiras feitas de sementes, folhas, cipó e palha. Nos traços de cada peça, o resgate da herança rica e criativa dos ancestrais indígenas que habitaram a região.


O resultado é muita diversão e aprendizado para os turistas e renda extra para os moradores do local. Com a venda do artesanato, os comunitários garantem renda para reforçar o orçamento familiar, que é baseado na agricultura de subsistência. “Não é muito o que ganhamos, a ponto de sobrar para guardar, mas é uma ajuda grande no orçamento de casa”, diz Anilson Barbosa da Silva, um dos comunitários.


Os turistas também participam de caminhadas na mata, em uma trilha de duas horas e meia serra acima. No percurso, é possível avistar lindas cachoeiras, araras, tucanos e macacos. O prêmio maior é a vista de toda a região do topo da serra, inclusive a visão privilegiada do município de Juruti. Isso depois de ver de perto o sítio arqueológico existente no local, que segundo os moradores guarda vestígios dos índios Mundurukus, que viveram na região. Pedaços de urnas funerárias e utensílios indígenas surgem no solo. Tudo o que é encontrado os moradores levam para o museu improvisado que a comunidade construiu.


Graças ao vai e vem dos visitantes, que se intensificou nos últimos cinco anos, os moradores da Comunidade Valéria construíram uma marca e o local é reconhecido como centro de artesanato e ponto turístico da região. Eles se organizaram, ergueram barracas para vender as peças artesanais e descobriram na atividade turística uma alternativa de trabalho. Os sítios arqueológicos da região e o artesanato serviram para a captação de visitantes.
O turismo gera atualmente mais de 100 empregos diretos e indiretos aos comunitários de Valéria. Nos últimos anos, moradores da zona urbana de Juruti e de Parintins têm ido para a região em busca de trabalho e renda. Fátima Sales da Silva, 36, jurutiense, diz que só visita seus familiares na Vila de Juruti-Velho de ano em ano.


Ela fabrica colares e pulseiras com sementes conhecidas como “tentos”, caroços e penas de papagaio, todos coletados na floresta, sem prejuízos ao meio ambiente. “O material é coletado no quintal de casa, ao pé da Serra, as crianças catam e a gente também sai pela mata buscando o que tem pelo chão. Nunca falta material”, garante.



Nos meses que antecedem a chegada dos cruzeiros, Fátima diz que a confecção de artesanato aumenta. As mulheres de todas as comunidades se reúnem para fabricar as peças e definir os preços, que são combinados em comum acordo. Um colar pode valer de US$ 5 a US$ 10. A comunidade no meio da floresta encontrou uma forma de preservar a natureza e transformar os recursos naturais em renda. E ainda recebem em dólar.



© 2007 Jornal Folha de Juruti

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